quinta-feira, 11 de outubro de 2007
estilo de vida gótico
A subcultura gótica (chamada de Dark no início dos anos oitenta no Brasil) é uma subcultura contemporânea presente em muitos países. Teve início no Reino Unido durante o final da década de 1970 e início da década de 1980, derivado também do gênero pós-punk. A subcultura gótica abrange um estilo de vida, estando a ela associados, principalmente, gostos musicais dos anos 80 até o presente (darkwave/gothic rock, death rock, trip hop, ebm, synthpop, indie, etc.), estética (visual, "moda", vestuário, etc) com maquiagem e penteados alternativos (cabelos coloridos, desfiados, desarrumados) e uma certa bagagem filosófica. A música se volta para temas que glamourizam a decadência, o niilismo, o hedonismo e o lado sombrio. A estética sombria traduz-se em vários estilos de vestuário, desde death rock, punk, andrógino, renascentista e vitoriano, ou combinações dos anteriores, essencialmente baseados no negro, muitas vezes com adições coloridas e cheias de acessórios baseadas em filmes futuristas no caso dos cyber goths.
Subcultura
Foi taxada do "movimento cultural" devido ao princípio de que tal visão e comportamento são um protesto acerca da ambientação dada na época em que se iniciou, isto é, uma alienação que afirmava uma evolução e liberdade que, em verdade, eram insuficientes (ou até inverossímeis), e contra a qual a descrença deveria ser usada como denúncia. Apesar de simplista, esta explicação define o pensamento ideal da maioria dos que afirmam pertencer a este grupo. De qualquer modo, o mundo não parece ter mudado muito, e a subcultura continuou a evoluir cada vez mais podendo basear-se ainda nesse formato.
Mas quanto ao fato de seus integrantes usarem o termo subcultura, ao invés de cultura, para designá-lo, é dada a explicação de que esse estilo é uma invenção (não também uma reinvenção), não uma renovação, ou seja, ele se criou firmado em várias raízes paralelas e não visa renovar a cultura de massa, nem, tampouco, se opor a esta (isso seria ainda uma contracultura, não uma renovação). Sendo assim, o estilo gótico do qual estamos falando pode ser tomado como algo anexo do que todos pensam, já que não é uma evolução da cultura orginal, nem mesmo evolução de qualquer coisa outrora nomeada sobre o mesmo termo.
O termo gótico na subcultura
O termo gótico (do inglês: goth ou gothic) foi usado através dos séculos sob vários significados, às vezes sem ligação alguma. Em algum momento histórico ele pode ter designado certo povo bárbaro que veio a invadir o império romano, mas não devemos nos apegar a isso para não confundir o leitor, pois com o passar do tempo, o termo ganhou significados diferentes. A palavra agrega sentidos que lembram: vitoriano, medieval, onírico, sombrio, assustador, fastamagórico, macabro, amedrontador, etc.
O uso do termo 'gótico', desvinculado de seu significado original, surgiu quase que irônicamente, no início da década de 80. A mídia de massa ao entrevistar integrantes das diversas bandas relacionadas à subcultura que começava a surgir, como seria classificada a atmosfera de suas músicas, por vezes recebia respostas semelhantes a: 'de temática sombria e soturna, 'gótica. Na metade da década de 80 o estilo já havia se disseminado por vários outros países (incluindo o Brasil) e o termo acabou por ir junto com ele e até hoje é usado para denominar a subcultura.
Enganos frequentes sobre o tema
Desde a década de 90 a subcultura começou a sofrer de algumas distorções por parte de enganos freqüentes como o de que o termo gótico sempre esteve ligado através da história e, portanto os góticos de hoje seriam legítimos descendentes dos visigóticos, godos, ostrogodos, entre outros.
Que esses mesmo teriam iniciado o estilo arquitetônico de construções sacras e também a literatura, quando na verdade as catedrais góticas só começaram a ser construídas no século XI e nem sequer se recebiam esse nome na época em que foram instauradas como arte sacra, pois expressavam a ideologia e estética da igreja católica na época.
Os renascentistas e iluministas, que se opunham à ideologia católica da época medieval, as chamaram, pejorativamente, “Góticas” muito depois, justamente como critica. Na época de sua construção eram chamadas "opus francigenarum"(arte francesa). Quanto aos bárbaros "Godos", que invadiram o império romano, foi um acontecimento dado por volta do século V, logo se vê então que são mais de cinco séculos de diferença histórica cultural, o que já havia feito uma diluição da cultura dos godos na Europa.
Do marco da construção das catedrais góticas (Do século XI até XIV) até a época em que surgiu um movimento literário chamado gótico e outro chamado romantismo (Século XVIII para XIX) já haviam se passados mais outros tantos séculos de diferença cultural e, portanto, a imagem de Gótico foi estabelecida como sombrio, fantasmagórico, misterioso, para criticar aqueles que tinham criticado o fim da Idade Média. O que era um nome pejorativo passou a ser um nome designador de uma estética “legal”. Terminamos assim de falar do sentido da palavra através do tempo sem ligá-la totalmente à subcultura e mostrar que até esse ponto os góticos da cultura iniciada na década de 80 não são descendentes dos Góticos dos séculos passados de forma alguma, pois nem sequer eles mesmos tiveram alguma ligação através de suas épocas.
A ligação dos góticos contemporâneos com os antigos movimentos artísticos assim entitulados está nas músicas e na estética de forma indireta. Pra começar, a subcultura gótica não possui literatura própria, mas existem vários estilos literários apreciados por seus integrantes, entre eles, no Romance Gótico (Walpole, Mary Shelley, etc), Romantismo (William Blake, Lord Byron, Edgar Allan Poe, etc) a poesia Simbolista/Decadentista (Baudelaire, T.S. Elliot, Rimbaud, Oscar Wilde, etc) o romance Existencialista (Camus, Sartre, etc), Literatura Beat (Ginsberg, William Burroughs), entre outros.
Dessa forma, essa subcultura fez releituras ou sátiras da Literatura Gótica. Essa literatura também serviu de tema para movimentos artísticos anteriores, que influenciaram a cultura estética dos anos 1980, como por exemplo o Expressionismo.
Muitas pessoas associam o estilo gótico a cemitérios e mortos-vivos, vampiros, etc. o que não é verdade, pois o gótico é uma maneira de pensar oculta e melancólica. Também é um estilo de vida que se reflete no vestuário, na música e maneira de ser.
Religião e simbolismo
O gótico/darkwave é uma subcultura laica, ou seja, não é integrada à qualquer religião. Alguns pensam que os góticos estão diretamente ligados à Wicca ou Satanismo, invariavelmente. Cada membro é livre para a escolha da religião, ou de sua ausência, independente do que se propõe dentro do grupo.
Algum recurso de preâmbulo religioso é utilizado como temática, para músicas ou estética. Um crucifixo, por exemplo, pode, teatralmente, simbolizar a tortura (Cruscio = tortura), pois a cruz foi cunhada em Roma, como instrumento para tal, antes mesmo do nascimento de Cristo. Outro engano freqüente é a ligação do estilo musical gótico com outro com o qual nunca teve nenhum contato. Mas para isso é preciso, primeiramente, conhecer o verdadeiro conceito musical e as verdadeiras raízes da cena gótica ou darkwave como seus membros gostam de chamá-la. Para saber mais Leia o artigo existente sobre Música Gótica (Gothic rock).
Um resumo dos beats dos anos 40 aos góticos dos anos 80
As verdadeiras raízes da subcultura gótica podem ser achadas inicialmente nos anos 40\50 na cultura beat.
Os beats eram pessoas com gosto pelo que outrora fora conhecido como cabaré (na época dos grandes artistas e pensadores franceses), ou seja, ambientes boêmios, onde conversavam, bebiam, fumavam, apreciavam saraus e ouviam boa música (jazz underground e posteriormente rock). Tudo excessivamente. Tanto que os óculos escuros foram adotados ao estereótipo Beat, junto com as roupas predominantemente escuras e boina preta, por causa da fumaça.
Os cabelos eram compridos (porém mais curtos que os dos Hippies) e e eram comuns um tipo de cavanhaque bem aparado em linha ao longo do queixo. Nos Estados Unidos o movimento se tornou menos "intelectualizado", e mais junkie e desleixado. O primeiro uso do termo "Beat" ou "Beat generation" teria sido feito por Jack Kerouac no final dos anos 1940. Mas o termo só se popularizaria nos anos 50. Passou também a ser um movimento pop e "comercializável" de 57 a 61. Mas suas origens remontam ao underground dos cafés parisienses do pós-guerra. Daí vem o termo "estudante de arte existencialista e parisience" para a postura Beat.
O Termo "Beatnick" foi cunhado pela imprensa, misturando Beat a Sputnick ( primeiro satélite russo no espaço sideral ). Os Beatnicks nos 60's eram mais apolíticos ( e/ou pacifistas ), existencialistas, cool, sua poesia e música contemplava tanto o lado obscuro quanto hedonista e urbano da boêmia. Porém o que era um movimento underground acabou em decadência com sua comercialização. Da diluição desse movimento surgiram talvez outros dois, o hippie e o punk beat, ou glam punk.
Os Hippies formaram movimento politizado, expressivo (not cool), de visual colorido e cabelos muito longos. A parte do Beat que permaneceu no Hippie foi a religiosidade alternativa, muitas vezes orientalista, o "alternativismo", e alguns estilos musicais. Isso é bem o estilo de artistas que conhecemos muito bem, como Jimi Hendrix, porém não fazia a cara de outros como Iggy Pop. Uma parte dos Beats, claro, não se tornou Hippie, por discordar de suas tendências, e seguiu outros caminhos.
Logo, surge esse outro lado da ramificação temos a explosão do Glam e Glam punk. Com temáticas e abordagens mais profundas, líricas e adultas. Podemos então citar o Velvet Underground em Nova Iorque, os Stooges em Detroit e o The Doors em Los Angeles. O Velvet Underground glamouriza o decadentismo urbano, sem esperanças e floreios, para cena pop. Em 1970, surge em Nova Iorque o grupo New York Dolls com um rock crú e simples, em performances bombásticas travestidos de mulheres. "Ora, se as mulheres conquistaram o direito de se vestirem como homens, por que não?”
A temática chamou a atenção de David Bowie que a levou para o outro lado do atlântico. Junto a Marc Bolan do T-Rex, e o Roxy Music de Brian Eno e Bryan Ferry, Bowie se tornou referência mundial do Glam rock. A abordagem do Glam Rock era basicamente o esteticismo e dandismo de Oscar Wilde e Baudelaire atualizado para os anos 70. A decadência do homem e da sociedade urbana e suas perversões hedonistas, a artificialidade, o pré-moldado, o poserismo, enfim decadence avec elegance (decadência com elegância). Dizer que Glam rock é apenas cores e purpurina é tão superficial quanto dizer que o Gótico é se vestir de preto.
A temática do Glam trazia através de músicas brilhantes (tanto em letra como melodia) a melancolia da condição humana e de temas soturnos, basta ver suas traduções. Mesmo esteticamente o Glam preservava um lado noir (sombrio). Algumas bandas como Bauhaus e Specimen, que deram origem a música gótica, não se diferenciam em quase nada das bandas incluídas no glam rock quanto à sua sonoridade. A atitude do Glam de androgínia era mais do que Rockers durões, Mods (uma variante dos beats cuja diluição daria origem aos skinheads do lado mais durão e na evolução continua a transição para o Glam rock) e os Hippies conservadores estavam preparados. Era uma inversão. Além do mais naquela época nem se via mais o que fazer em termos de psicodelia, foi quando o Glam chegou e virou a cabeça de adolescentes que queriam também se vestir iguais aos seus ídolos. E a influência beat permanecia viva através do Glam.
Tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra, conceitos e estéticas Beats permaneceram ao longo do Glam e dos anos 70. O rótulo "Punk" foi dado ao movimento rock que tinha, em resposta ao rock progressivo, músicas simples em execução, mas com temas sociais importantes. Bandas experimentais, contra a música comercial das grandes gravadoras, uma geração crítica em relação à arte e consumo de sua época, interessada em questões existenciais foram consideradas Punks antes de 77. Exemplos: Talking Heads e o Patty Smith Group. Mas em 78 o termo caía em decadência já era considerado um clichê gasto e distorcido pelo sucesso de 77. O diretor da gravadora Sire Records, Seymour Stein, considerou que estas bandas tinham o mesmo feeling dos filmes do movimento cinematográfica francês de características Noir (obscura) e contra-culturais chamado "Nouvelle Vague" (New-Wave, em Inglês, Neue Welle, em alemão).
Assim New-wave e Post-punk (Póstumo ao punk) ou Pos-punk (positive punk) seriam os termos usados para classificar estas bandas originalmente chamadas de punk antes que o termo "punk" atingisse o fim de seu auge. Simultanamente algumas destas bandas são afiliadas a sub-cultura Gótica. Na verdade com o tempo, o termo New-Wave passou a ser ulizado para as bandas mais pops e Pos-Punk, para as mais underground. Ainda então, bandas da sub-cultura Gótica eram classificadas de ambas as formas. Mas posteriormente deixou-se o new wave para bandas com um visual mais colorido e para as bandas que adotaram um tendência mais sombrias acabou-se por usar o termo pejorativo gótico, que acabou pegando.
Toda a Estética Gotica inicial vai ser uma mistura Glam (androginia, poesia urbana e maldita, maquiagens pesadas, sonoridade rock básica, dandismo, etc), que também foram reforçados por uma influência do movimento new romantic dos anos 80, e a cultura Beat (poesia urbana e maldita, existencialismo e espiritualidade difusa, roupas escuras, acid rock, cool, jazz-rock, psicodelia, etc), ora tendo uma sonoridade mais post punk, outra mais new wave. O termo foi usado durante a década de oitenta e na década de noventa também convencionou-se tirar o new e usar dark, dessa forma: Darkwave.
Atualidade
Nos dias de hoje há góticos fiéis aos anos 80, que dizem que o movimento acabou nos anos 90, e os mais ecléticos que gostam tanto da old school goth como da cena atual.
O que importa é não fazer confusão, no quesito musical a cena evoluiu muito e bandas novas surgem todos os dias com sonoridades ligadas á música gótica consideradas de ótima qualidade. Como tudo, a música gótica passou por inovações, mas há quem diga que o gothic metal seria uma delas. O que pode se ver que é uma afirmação indubitávelmente mentirosa, pois pode se perceber que ao longo de sua história o gótico segue uma vertente rock que nunca se encontrou com o metal.
A música a que se faz referência pode até fazer uso de algum elemento da Cultura Gótica, mas na verdade é apenas um apelação comercial, e como se sabe, tudo que é comercializável corre o risco de sumir. Tal qual os beats dos anos 60, a subcultura gótica poderia entrar em decadência se estivesse mesmo ligada à tal superfiacialização.
Como todos sabem esse tipo de música representa sempre apenas uma febre, uma moda e se dos anos 80 para cá a cena gótica tem continuado bem viva, ainda que tenha se tornado extremamente underground (nos anos 80 com a transição do punk para o new wave ou pos punk era mais uma miscelânia pop, como se sabe), seria muito estranho que se rendesse ao que chamamos "exigência de mercado", pois as gavadoras fazem o que acham que o que o público vai ouvir, ainda que isso custe a liberdade do artista. Ainda que esses românticos de hoje, que são os famosos góticos "trevosos", sejam uma tribo urbana, eles não descendem da verdadeira subcultura, podendo ser algo novo, mas não uma ligação com a original.
E os góticos de verdade continuam a adotar uma estética andrógina, teatral e obscura para representar seu verdadeiro sentimento, um apego ao nada, uma falta de esperanças, algo do tipo "cansei, sabe?", não uma depressão ou melancolia, apenas um descaso, um luto pelo situação da humanidade, ouvir suas músicas com temáticas hedonistas, decadentistas, niilistas, ligadas sempre às suas raízez já citadas e dançar em casas noturnas ao som de ebm, synth e darkwave. Ou então quietinhos em suas casa ouvem bandas como Bauhaus, Joy division,Specimen,The Cure, Siouxsie and the Banshees e lêem algo de Sartre, Nietzsche, Wilde, Blake, Baudelaire e coisas mais comerciais como Anne Rice. Acima de tudo, convém lembrar que, para a grande maioria de seus integrantes, o movimento gótico é fundamentalmente um gosto musical e uma maneira específica de se vestir. Não há envolvimentos intelectuais e filosóficos mais aprofundados. Góticos não se prendem a depredar cemitérios ou beber sangue de seus amigos. Podem ora mostrar, a luz, ora as trevas, um complementa o outro, um verdadeiro gótico sabe disso. Concentrar-se em conviver e se aprofundar em seus problemas (e não em fugir pelo suícidio), góticos não são depressivos, não se referem a subcultura como Goticismo, não usam somente preto e se frequentam cemitérios é pela temática do mistério de morte e vida, pelo apreço pela arte também. Mais realiastas do que se pensa, ser gótico hoje em dia representa também repuguinar todo o estereótipo negativo criado em torno de sua figura. E com todo seu sarcasmo rir e continuar a dançar.
fonte: >http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal
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